Em nosso cotidiano corporativo, uma decisão que impacta estratégias de vendas, marketing e relacionamento é escolher entre caminhos próprios e parceiros externos para chegar até nosso cliente. Não há fórmula mágica. Cada escolha carrega nuances, pontos fortes e desafios reais. O segredo está em conhecê-los profundamente e alinhar o modelo ao momento e ao objetivo do negócio.
O que diferencia os modelos direto e indireto?
No Brasil, sentimos a força e abrangência de estruturas de venda desenvolvidas ao longo de décadas. Adotar estratégias próprias significa assumir todo o ciclo, da prospecção ao pós-venda, com total domínio do relacionamento. Por outro lado, delegar parte desse processo a parceiros amplia nosso braço de alcance – levando a marca inclusive a territórios, públicos e segmentos que sozinhos talvez levaríamos anos para conquistar.
O modelo direto proporciona feedback ágil, total domínio da abordagem e poder sobre precificação, treinamentos e apresentação do produto. Nos sentimos próximos de cada contato, sendo possível adaptar argumentos e construir relacionamento de confiança a longo prazo. Já, ao contar com parceiros, nossa voz ecoa em conjunto: a multiplicação é o maior benefício. Entram em cena especialistas locais, revendedores, afiliados e alianças capazes de impulsionar vendas de modo mais abrangente.
Controle ou escala: eis a grande diferença.
Entendendo canais de venda: muito além da estrutura tradicional
Quando falamos em levar nossos produtos ao consumidor, precisamos enxergar o que realmente está em jogo. Não são só caminhos de distribuição ou ferramentas comerciais. Estamos lidando com confiança, reputação, alcance e experiência.
- Quem são os tomadores de decisão?
- O ticket médio é alto ou baixo?
- Quais barreiras logísticas enfrentamos?
- Nosso produto exige suporte técnico ou implantação presencial?
- Vendemos para empresas, consumidores finais ou ambos?
Essas perguntas mostram como a escolha entre nos estruturarmos internamente ou buscar alianças externas passa por uma ótima compreensão do mercado. Em muitos casos, optar por estratégias híbridas traz o equilíbrio entre controle e capilaridade. Como detalhado em nosso guia completo sobre canais de venda, a estruturação dos canais pode determinar o sucesso na expansão, retenção e resultado financeiro.
As bases dos canais diretos: o que está sob nosso domínio?
Assumir todo fluxo comercial internamente nos custa mais investimento, certo. Mas ganhamos em conhecimento de causa. É como ajustar finamente cada etapa para garantir que a experiência do cliente traduza o propósito da marca.
Em nosso entendimento, os pontos predominantes estão ligados ao:
- Controle total sobre argumentação, processos e identidade visual
- Rápida adaptação de pitch e produto conforme tendências ou feedbacks dos clientes
- Gestão detalhada de indicadores, prazos e previsibilidade de vendas
- Construção mais profunda do relacionamento e aumento do LTV
- Margem por venda mais robusta, já que não há divisão direta com terceiros
Por outro lado, precisamos investir pesado em:
- Equipes de SDR, vendedores, atendimento e suporte
- Ferramentas de CRM, automação e analytics comerciais
- Treinamento recorrente da equipe e atualização de pitch e abordagens
- Estruturas de pós-venda customizadas para cada segmento
No canal próprio, temos domínio sobre cada etapa, mas a escalabilidade depende diretamente da força de nosso time e de processos sólidos.
O papel e as vantagens dos canais por parceiros
Em mercados de maior complexidade e capilaridade, parceiros formam nosso elo de confiança além dos muros da empresa. Eles desbravam mercados, abrem portas em novas regiões e levam soluções onde talvez não chegaríamos no curto prazo. Frequentemente, são eles que enfrentam as primeiras objeções, testam argumentos e aperfeiçoam a entrega junto ao cliente local.
Entre as maiores vantagens deste sistema, destacamos:
- Ampliar rapidamente a atuação geográfica sem aumentar custos fixos
- Reduzir o custo de aquisição do cliente, aproveitando a carteira e experiência do parceiro
- Gerar escala e acelerar a entrada em novos segmentos de mercado
- Alavancar diferentes expertises: consultores, integradores, afiliados, distribuidores e influenciadores
- Incrementar vendas mesmo quando a equipe própria encontra dificuldades para crescer
Contudo, a perda de controle costuma ser citada como risco: O desafio é alinhar a proposta de valor, manter o padrão de experiência e engajar parceiros a priorizarem o seu produto.
Para isso, é preciso investir tempo e recursos na seleção, onboarding, treinamento, planos de remuneração, campanhas de incentivo e canais de comunicação. A gestão destes intermediários exige dedicação e ferramentas adequadas para garantir a previsibilidade e mensuração de resultados.
O crescimento dos canais no Brasil: fatores de mercado e dados recentes
O Brasil ocupa posição de destaque mundial tanto em vendas diretamente ao cliente quanto em redes de agentes, promotores, afiliados e revendedores. Dados da WFDSA e ABEVD divulgados pelo Estadão mostram que movimentamos R$ 45 bilhões em vendas diretas em 2022, somando mais de 3,5 milhões de empreendedores no segmento.

Na perspectiva B2B, pesquisa da McKinsey, divulgada pelo Estadão, indica que empresas que adotam estratégias multicanal conseguem aumentar a participação de mercado em média 10% quando comparadas àquelas que trabalham com pouca integração em seus pontos de contato.
No cenário atual, as estratégias híbridas – mesclando ações diretas e indiretas – ganham protagonismo. O segredo está em saber orquestrar a participação de cada canal, extraindo o melhor de todos.
Perfil do cliente e características do produto
A decisão pelo modelo não pode ser tomada sem entender profundamente o contexto. Há perguntas-chave que sempre levantamos antes de propor ou ajustar qualquer estratégia:
- Nosso cliente exige atendimento exclusivo ou valoriza a diversidade de pontos de contato?
- O ciclo de vendas é simples e rápido ou complexo e consultivo?
- O produto demanda especificações técnicas, serviços agregados ou suporte especializado?
- O relacionamento tende a ser de longo prazo, envolvendo pós-venda intenso, ou de compra pontual?
- Há necessidade de presença regional ou atuação nacional/global?
Produtos com ticket alto, venda consultiva, contratos de longo prazo e customização geralmente favorecem canais internos. Já soluções padronizadas, itens de consumo recorrente ou que exigem capilaridade tendem a se beneficiar da atuação de parceiros. Um exemplo prático está no setor de SaaS: as vendas para grandes empresas normalmente envolvem time próprio; para pequenas empresas, a atuação de parceiros, revendedores ou afiliados cria escala.

Custos e investimentos: onde está o peso de cada modelo?
Muitas vezes, o custo é fator determinante. No caminho próprio, arcamos com salários, encargos, benefícios, estrutura física/híbrida, treinamentos, bonificações e toda a estrutura da operação. O retorno pode ser maior, mas o ponto de equilíbrio pode demorar a ser alcançado.
Já ao ampliar com intermediários, trocamos parte da margem por escala, flexibilidade, presença local e velocidade de expansão. Normalmente, custos fixos caem bem, mas surgem despesas variáveis atreladas a comissões, incentivos, campanhas para o ecossistema de parceiros e materiais de apoio. Um risco frequente é depender excessivamente de poucas alianças, se não houver diversificação.
Uma decisão estratégica precisa ser baseada em números reais de CAC, LTV, ROI e tempo de recuperação de cada canal.
Gestão da comunicação e controle de marca
No relacionamento próprio, definimos cada mensagem, campanha e abordagem. Isso cria imagem coesa, fortalece branding e protege reputação. Por outro lado, limita o alcance, principalmente em territórios onde a marca ainda não é reconhecida.
No ecossistema via alianças, nossa mensagem pode ganhar sotaques regionais, mas é preciso redobrar o cuidado com treinamentos, materiais e integrações para preservar a unidade da proposta. O partner precisa vestir a camisa, não apenas replicar scripts – e isso só acontece quando existe real alinhamento de propósito e incentivo.
Cuidar da marca é tão importante quanto buscar escala.
Investir em co-marketing, materiais padronizados e portais exclusivos para parceiros são práticas que auxiliam a preservar a visão e o valor transmitido ao consumidor final.
Qual modelo potencializa a experiência do cliente?
O consumidor moderno espera personalização, respostas rápidas, canais variados e suporte proativo. A experiência oferecida vai além do produto: cada interação, resultado e pós-venda pesam.
Em vendas internas, conseguimos garantir a padronização mais facilmente. O time é treinado, monitoramos detalhes e corrigimos rotas quase em tempo real. Entretanto, não conseguimos estar em todos lugares ao mesmo tempo.
Já ao descentralizar, ganhamos presença, mas precisamos de programas de certificação, onboarding bem feito e espaços de escuta para garantir que as necessidades do cliente sigam sendo atendidas com excelência. Essa integração é ainda mais crucial quando operamos múltiplos tipos de parceria, como descrito em diferentes modelos de parceria.
Segundo estudo da Nielsen divulgado no Estadão, 92% dos consumidores confiam mais em recomendações de pessoas conhecidas do que em anúncios. Isso reforça o valor dos canais que potencializam o boca-a-boca e o impacto positivo de influenciadores e promotores bem preparados.
Como alinhar incentivos e motivação nos modelos indiretos?
Um dos maiores desafios para manter parceiros engajados é estruturar modelos de comissionamento, programas de reconhecimento e campanhas de incentivo que realmente funcionem. O equilíbrio está em oferecer remuneração compatível com o esforço, clareza nas regras e transparência total no registro das oportunidades.
- Comissões progressivas e customizáveis
- Bônus por meta, por conquista de novas regiões ou segmentos
- Reconhecimento em eventos, rankings e programas de certificação
- Campanhas sazonais de aceleração de vendas
Além disso, portais dedicados aos parceiros, com acesso a relatórios, treinamentos, materiais de apoio e canais de suporte, fazem toda diferença. Em nossas experiências, percebemos que clareza e facilidade no controle de resultados se traduzem em engajamento e baixo churn entre parceiros.
Omnichannel: o novo padrão de relacionamento
O consumidor já transita entre plataforma digital, contato presencial, chat, telefone e WhatsApp de forma natural. Para as empresas, construir uma jornada fluida, com múltiplos pontos de contato, passou a ser fundamental. Como mostra a pesquisa da McKinsey, negócios que adotam o omnichannel veem aumento significativo de participação de mercado. Isso vale tanto para vendas diretas quanto para alianças estratégicas.

Quando faz sentido mesclar estratégias?
Hoje, poucas empresas apostam tudo em apenas um caminho. Estratégias híbridas associam o melhor de dois mundos: times internos atuando em contas estratégicas e construção de marca, enquanto parceiros ampliam alcance e penetração em segmentos diversos, regiões distantes ou públicos específicos que exigem abordagem especial.
O desenho híbrido pode ser estabelecido por:
- Segmentação do portfólio: produtos de maior valor agregam vendas diretas, enquanto linhas de entrada ou massificadas vão para parceiros
- Critério geográfico: regiões prioritárias sob atuação própria, demais abertas para alianças
- Critério de perfil do cliente: grandes contas com acompanhamento próprio, pequenas e médias empresas com apoio de revendas e afiliados
A jornada híbrida também pede atenção com integração entre CRM e plataforma de parceiros, gestão transparente de oportunidades, e critérios para evitar concorrência interna por leads. Essas questões são detalhadas no artigo diversificação de canais de aquisição.
Principais erros ao definir o modelo e como evitar
Já vimos empresas patinar por anos tentando replicar modelos prontos sem considerar a realidade local ou setor. Percebemos alguns erros recorrentes:
- Tentar centralizar tudo, perdendo velocidade e adaptabilidade
- Escolher parceiros apenas pelo alcance, sem analisar sinergia com valores e posicionamento
- Falhas no onboarding, gerando ruído de comunicação e experiência negativa ao cliente
- Pouca clareza em métricas, metas, regras de remuneração e resultados esperados
- Falta de feedback e ajuste permanente das estratégias
Avaliando periodicamente indicadores, taxa de conversão, satisfação do cliente, engajamento dos parceiros e ROI de cada ecossistema, aprendemos e ajustamos o direcionamento.
Indicadores de performance: o que acompanhar em cada caminho?
Não medimos sucesso apenas pelo volume vendido. Cada modelo pede indicadores específicos, que orientam práticas e orientam tomadas de decisão.
Nos caminhos internos, priorizamos:
- Volume de oportunidades e taxa de conversão
- Ciclo médio de vendas
- Custo de aquisição de cliente (CAC)
- Taxa de recompra e lifetime value (LTV)
- Satisfação e NPS do cliente
- Índices de produtividade da equipe
No universo das parcerias, monitoramos:
- Ticket médio por parceiro
- Percentual de oportunidades registradas x convertidas
- Engajamento em campanhas, treinamentos e eventos
- Níveis de certificação e retenção de parceiros
- Churn e volume de devoluções/reclamações
Relatórios dinâmicos, ranking de resultados e dashboards por funil de conversão trazem clareza e incentivo para ajustes rápidos.
Tecnologia: o papel dos sistemas na gestão multicanal
Independente do caminho escolhido, o uso de tecnologia é determinante para escalar, medir, corrigir e inovar. Ferramentas como CRMs, sistemas de automação de marketing, plataformas de gestão de parceiro, analytics e inteligência artificial aceleram o ciclo, melhoram a experiência e ampliam a visão sobre todo o ecossistema.
Além de mensuração, a tecnologia conecta áreas e integra processos – seja para anotar interações, enviar materiais, registrar oportunidades ou controlar o histórico de remunerações e campanhas.
O mais valioso é criar uma ponte digital entre todos os envolvidos, com controles de permissão, segmentação e atualização contínua. O resultado é agilidade, redução de ruído na comunicação e possibilidade de realizar ajustes sempre baseados em dados reais.
O passo a passo prático para escolher o melhor caminho
Sabemos que a teoria é importante, mas uma decisão de sucesso envolve aderência à realidade do negócio. Propomos um roteiro simples e eficiente para apoiar a escolha:
- Identificar perfil de cliente, jornada de compra e expectativas de experiência
- Avaliar características do portfólio atual e potenciais inovações
- Mapear limitações logísticas, geográficas e legais
- Calcular CAC, LTV, tempo de retorno e variáveis financeiras de cada opção
- Mapear parceiros potenciais e analisar histórico de outros mercados
- Simular cenários híbridos, testando pequeno e ampliando conforme aderência
- Definir e acompanhar indicadores claros – tanto no canal próprio quanto nas alianças
- Investir continuamente em capacitação, comunicação transparente e reconhecimento
Não existe caminho único: nosso papel é adaptar modelos, ajustar rotas rapidamente e aprender com cada interação.
Quando mudar o modelo? Sinais do mercado e do cliente
Estratégias bem-sucedidas nunca são estáticas. Mudam conforme surgem novas demandas do cliente, o portfólio de soluções se transforma, concorrentes inovam e o mercado apresenta distorções ou oportunidades inesperadas. Indicadores que podem sinalizar a hora de repensar o modelo:
- Queda na satisfação ou aumento de reclamações dos clientes
- Crescimento menor que o do mercado ou estagnação em regiões específicas
- Pedidos frequentes de suporte ou treinamento de parceiros
- Diminuição no percentual de oportunidades convertidas
- Aumento do churn, tanto de clientes quanto de parceiros
O artigo sobre escolha de parceiros de canal oferece insights para ajustar critérios e revalidar o caminho a cada ciclo.
Conclusão: a melhor escolha é sempre aquela adaptada ao contexto
Na prática, aprendemos que a resposta à pergunta sobre qual caminho seguir depende de uma visão realista do negócio e do ambiente competitivo. Equilibrar controle, experiência do cliente, capilaridade e saúde financeira é a chave de uma estratégia vencedora. Não existe uma abordagem universal. É preciso testar, corrigir rapidamente e ajustar sempre que o cenário se transforma.
Tratar a escolha dos caminhos comerciais como uma decisão viva e flexível é o que faz empresas de todos os portes alcançarem resultados consistentes. E, acima de tudo, ouvir o cliente e medir cada etapa sem perder o contexto.
Perguntas frequentes sobre canais diretos e indiretos
O que são canais diretos e indiretos?
Caminhos diretos ocorrem quando a própria empresa conduz todas as etapas da venda, do início ao fim, pelo próprio time. Já, os indiretos envolvem participação de parceiros externos, como revendas, afiliados, influenciadores e distribuidores, atuando como ponte com o cliente final.
Como funcionam os canais de venda diretos?
Nesse formato, toda a prospecção, abordagem, negociação e pós-venda são realizados por equipes internas, com domínio total do processo, controle da experiência do cliente e dados detalhados para tomadas de decisão. As decisões sobre estratégia, argumentação e adaptação acontecem dentro da própria empresa.
Quais as vantagens dos canais indiretos?
O modelo de alianças externas oferece ampliação de alcance, entrada em novos mercados, menor custo fixo e escalabilidade. Ele permite atingir públicos distantes, segmentados e diversificados, além de se beneficiar da experiência, carteira e relacionamento prévio dos parceiros.
Como escolher entre canal direto ou indireto?
A decisão depende de fatores como perfil e necessidade do cliente, ticket médio do produto, expectativas de suporte, complexidade logística, objetivos de crescimento e recursos disponíveis. Uma análise detalhada desses pontos leva a uma escolha eficiente, muitas vezes apostando em modelos híbridos.
Quando usar canal direto ou indireto?
O próprio costuma ser recomendado para negociações complexas, vendas consultivas e clientes estratégicos. O indireto funciona bem para ampliar fatias de mercado, acelerar penetração em regiões diversas e para portfólios de produtos mais padronizados ou focados em volume. Tanto um quanto outro podem ser combinados conforme a fase do negócio ou características específicas do portfólio.
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