O cenário de vendas B2B mudou drasticamente nos últimos anos. Antes, bastava ter uma boa equipe comercial, um discurso afiado e alguma agressividade de mercado. Hoje, escalar depende menos da força individual e muito mais da construção de redes. Parcerias, canais, alianças: esse é o caminho para quem quer acelerar, sem sacrificar estrutura ou orçamento.
Mas, sinceramente, construir um setor de parcerias e canais do zero pode dar medo. Pode parecer vago, burocrático, “grande demais” para quem ainda está arrumando a casa. Costumo ouvir de founders e diretores: “Por onde eu começo?”, “Não seria melhor trazer mais vendedores?”.
Meu conselho: comece estruturado, mesmo que pequeno. Expanda depois.
Este guia é para quem quer sair do zero e chegar longe. Para quem acredita que vender mais depende de colaboração verdadeira. Esse caminho não é simples, mas tentar improvisar só aumenta o risco. Aqui está uma visão estratégica, pensando em 2025: moderna, aplicável, humana.
Por que parcerias e canais fazem diferença hoje?
Costumo dizer que empresas B2B já entenderam: vender sozinho é ficar para trás. Parcerias aceleram o acesso a mercados, desafiam gigantes estabelecidos, e tornam a operação menos frágil a oscilações. Mais do que nunca, sucesso vem do coletivo.
Empresas como Zendesk, Pipedrive e RD Station são exemplos de crescimento baseado em ecossistemas. Ao investir em canais indiretos, programaram suas máquinas de vendas para funcionar até mesmo quando o próprio time interno estava focado em produto.
Um estudo da McKinsey aponta um dado forte: parcerias bem conduzidas representam até um terço da receita para companhias B2B maduras. Não é só uma alternativa de crescimento, muitas vezes, é o diferencial entre crescer ou estagnar.
Escalar com canais significa multiplicar alcance sem multiplicar custo na mesma proporção.
Primeiro passo: mentalidade e objetivos claros
Antes de sair mapeando potenciais parceiros, pare um instante. Escreva (sim, escreva mesmo):
- O que a empresa espera conquistar com o setor de canais?
- Qual problema real que as parcerias vão endereçar?
- Como isso vai se conectar com os objetivos maiores do negócio?
Negócios tentam, às vezes, imitar cases de sucesso sem entender que cada canal, cada programa de parceiros, nasce com uma proposta distinta. Segundo um guia sobre como estruturar parcerias estratégicas eficientes, companhias que estabelecem metas claras têm taxas de colaboração 65% superiores. Visão sem clareza é só uma ideia solta.
Não basta querer vender mais. É preciso saber o quanto, como e com quem.
Desenhando a estrutura: do modelo ao time
Escolhendo o modelo de canal adequado
Existem diversas formas de interação:
- Afiliados: indicam negócios, recebem comissão, mas não participam da venda.
- Revendedores: comercializam ativamente e fecham o ciclo com o cliente.
- Integradores: combinam seus próprios serviços/produtos ao seu.
- Embaixadores: parceiros que atuam como promotores da marca.
A escolha depende do segmento, produto, e principalmente, do quanto se está disposto a abrir mão do controle direto em troca de escala. Negócios SaaS, educação, healthtechs, todos podem operar modelos mistos.
Um exemplo real: a Resultados Digitais estruturou modelos independentes para agências (revenda e consultoria) e afiliados (indicação pontual). Isso permitiu que programas distintos evoluíssem conforme a maturidade de cada grupo.
O time de canais: papéis e responsabilidades
Ninguém constrói um canal sozinho, mesmo que no início o setor seja composto por uma única pessoa. Esses papéis tornam tudo mais claro:
- Head de Parcerias: Define estratégias, negocia acordos e monitora KPIs principais.
- Gerente de Canal: Gerencia contas de parceiros, acompanha performance e resolve conflitos.
- Especialista em Enablement: Cria treinamentos, integra parceiros e viabiliza vendas.
- Analista (dados/comissionamento): Controla processos de pagamento, indicadores e dashboards.
Até uma equipe “solo” precisa separar funções, mesmo que informalmente. Se tudo depender de só uma pessoa, gargalos e falhas vão aparecer.
Processo para seleção de parceiros
Investir tempo na escolha dos parceiros é um atalho valioso para diminuir churn, retrabalho e frustração. O velho “topa tudo” aqui não funciona.
- Liste atributos obrigatórios: alinhamento de segmento, carteira, reputação, potencial de geração de negócio.
- Busque parceiros “apaixonados” pelo que você resolve ou pela solução.
- Entenda se possuem estrutura comercial para sustentar o modelo pretendido.
Segundo um guia sobre capacitação de parceiros, alinhar expectativas, recursos e fit mercadológico é determinante para obter resultados reais. É melhor trazer menos, mas mais qualificados.
Como construir um programa de parceiros forte (e atraente)
O que um programa B2B de verdade precisa ter
- Proposta clara de valor: comissão, treinamento, incentivos exclusivos.
- Materiais e apoio: fluxos de onboarding, manuais de vendas, apresentações, cases de uso.
- Processos transparentes: regras para contar oportunidades e leads, critérios para comissionamento e métricas de sucesso.
- Métricas visíveis: performance de vendas, engajamento e status de progresso.
Como diz um guia sobre negociação de parcerias, parcerias fortes ampliam ofertas e abrem portas para mercados antes inatingíveis. Tudo começa por gerar valor para ambos os lados, sempre.
Tornando o onboarding irresistível
Primeira impressão conta, talvez aqui mais do que em qualquer área. O programa deve acolher parceiros, mostrar caminhos claros e oferecer suporte em cada fase.
O onboarding é o mapa que vai guiar o parceiro até a primeira venda.
Pense em trilhas interativas, webinars, vídeos curtos, e sobretudo, uma integração bem desenhada para facilitar acesso a oportunidades. Se possível, personalize conteúdos de acordo com o tipo de parceiro e perfil de atuação.
Empresas B2B como a Zendesk investem pesado no onboarding do canal, com portais exclusivos, materiais atualizados constantemente e trilhas de certificação técnica/comercial.
O guia sobre portais de parceiros aprofunda em como personalizar essa jornada para garantir engajamento desde o início.
Ferramentas: CRM, PRM e o que muda na prática
Diferenças entre CRM e ferramentas para gestão de canais
Confesso: é comum ver gestores tentando adaptar um CRM tradicional ao programa de canais. E, de fato, no comecinho, isso pode até “quebrar um galho”.
Mas CRM nasceu para vendas diretas. Não foi pensado para lidar com múltiplos parceiros, diferentes regras de comissão, leads compartilhados, nem com o nível de segurança necessário. Você percebe o limite quando precisa processar um clawback, fazer forecasting por parceiro, ou gerenciar permissões granulares.
Já PRM (Partner Relationship Management) foi desenhado especificamente para organizações que dependem de canais. Essas plataformas estruturam todo o relacionamento:
- Automatizam distribuição e registro de leads.
- Gerenciam contratos, comissionamento diferenciado (recorrente, setup, OTE, clawback).
- Permitem comunicação privada e segura.
- Oferecem painéis de performance individual e consolidada.
O CRM olha para o cliente final. O PRM olha para o parceiro primeiro.
Quer entender a fundo as vantagens? O artigo sobre por que usar PRM para gerenciar parceiros e impulsionar vendas explica como uma boa plataforma vira o “coração” do programa, e mostra exemplos práticos de quando um CRM comum fica para trás.
E não basta só tecnologia. A diferença verdadeira aparece quando times mudam a mentalidade: deixam de “vender para” parceiros e começam a “vender junto com” eles.
Processos essenciais para manter o setor saudável
Registro e distribuição de oportunidades
Evitar conflito de leads é missão diária e uma das principais causas de descontentamento. Mapear, organizar e garantir que cada oportunidade siga o caminho certo é um dos fundamentos do sucesso.
Existe método para isso, e o artigo sobre organização de leads em parcerias traz boas ideias para evitar disputas e manter engajamento alto.
Regras de comissionamento e tracking
Não existe programa de parceiros eficiente sem regras claras sobre remuneração. Pense em:
- Cálculo detalhado: prêmio pela indicação, recorrência, bonificação especial ou comissão por performance.
- Medição de OTE, clawback, aceleração por meta.
- Prazos definidos para pagamento, evitando conflitos desnecessários.
Dashboards práticos, automação para calcular valores com transparência, e alertas para pendências fazem toda a diferença. Veja as 7 funções exclusivas que muitos PRMs oferecem para simplificar este trabalho em escala.
Monitoramento de performance com KPIs relevantes
Nunca “pague no escuro”. Use dados para medir o que realmente entrega resultado: geração de leads, conversão por canal, engajamento, vendas por segmento parceiro. Métricas baseadas apenas em volume tendem a mascarar falhas é preciso olhar qualidade, além de quantidade.
Um artigo sobre parcerias estratégicas em marketing reforça a importância de KPIs vivos, revisados periodicamente, para adaptar a estratégia e capturar oportunidades reais de crescimento.
Quem mede o que importa, ajusta rápido e cresce antes dos outros.
Capacitação, engajamento e retenção de parceiros
Construindo engajamento contínuo
O engajamento cai quando o parceiro sente que não está aprendendo, não vê progresso, ou simplesmente se sente esquecido.
Promova encontros, webinars, newsletters segmentadas. Crie fóruns para trocar experiências entre parceiros. Facilite a comunicação com o time de canais. Em última análise, trate parceiro como extensão da empresa não “um fornecedor distante”.
Capacitação estruturada, seja via workshops, trilhas online atualizadas ou mentorias, aumenta drasticamente vendas feitas pelo canal. Uma base bem treinada erra menos, vende mais, e se mantém fiel.
Organização de processos e segurança da informação
À medida que o programa cresce, aumenta a exposição a dados sensíveis: pipeline, contratos, detalhes financeiros, negociações. Plataformas para canais permitem criar camadas de acesso, limitando o que cada parceiro pode ver. Isso protege a empresa e o próprio ecossistema.
Permissões ajustáveis, autenticação de múltiplos fatores, limites para edição de contratos. Sem esses recursos, o risco de vazamento cresce junto com a base de parceiros. Ganha-se escala, mas perde-se controle.
Integrando outros sistemas
O setor de parcerias não pode ser uma ilha dentro da operação. Por isso, integrar outros sistemas ERP, BI, plataformas de automação de marketing, e-commerce, deixa o setor de canais mais estratégico e autossuficiente.
O conteúdo sobre integrações indispensáveis para escalar canais detalha quais ferramentas priorizar dependendo do momento da empresa.
Estratégias para escalar: aprendendo com B2B de verdade
Nem todo canal B2B nasce grande. Várias empresas que inspiram hoje começaram com poucos parceiros e até fazer girar o famoso “flywheel”.
- RD Station estruturou certificações e bonificações por sucesso do cliente do parceiro, assim premiava retenção, não só volume.
- Zendesk criou um ecossistema de integrações abertas, facilitando vendas para nichos específicos por meio de parceiros técnicos.
- Pipedrive investiu pesado em educação constantem, newsletters, eventos, conteúdos para parceiros ficarem à frente.
No fundo, todo case mostra que programas que dão resultado não tentaram replicar modelos estrangeiros ao pé da letra. Sim, pode-se aprender com gigantes como HubSpot ou Salesforce, mas é no contexto local e na personalização que está o segredo.
O artigo sobre estratégias para escalar vendas B2B através de canais traz exemplos detalhados de como adaptar o playbook conforme a maturidade da empresa, as necessidades do segmento e os objetivos de crescimento.
Como calcular e justificar investimentos em sistemas e canal
Nenhum setor de canais se mantém rodando sem investimento em tecnologia, pessoas e treinamentos. E, claro, surgem questionamentos: “Vale a pena integrar um PRM agora?”
O texto sobre como justificar o investimento em PRM apresenta metodologias para mostrar ganhos financeiros tangíveis da automação, além de cases práticos onde o custo foi revertido em aumento de receita e redução de falhas humanas.
Estimule um cálculo simples: quanto custa perder um parceiro de potencial alto por falta de engajamento? Quanto é desperdiçado em comissões erradas, leads desorganizados, disputas sem fim?
Investir em canais é multiplicar cada real de vendas sem aumentar o risco na mesma proporção.
Resumindo: checklist para sair do zero e criar escala
- Defina metas e KPIs específicos para canais (não só vendas diretas).
- Escolha modelos de parceria que façam sentido para seu negócio e segmento.
- Coloque time, mesmo que enxuto: papéis claros aceleram a maturidade.
- Selecione parceiros certos, alinhados e com potencial de gerar valor.
- Construa um onboarding amigável, personalize, oriente, treine.
- Tenha ferramentas pensadas para o canal: PRM, painéis, controles de acesso.
- Organize leads, deals e registros para evitar conflitos e garantir rastreabilidade.
- Implemente regras robustas e automáticas de comissionamento.
- Capacite, engaje e monitore indicadores, sem isso, perde-se rápido o fôlego.
- Mantenha o setor integrado com CRM, ERP, BI e marketing.
- Escale sempre ajustando e personalizando, o segredo está no detalhe.
Se precisar, volte neste checklist toda semana. Cada etapa pulada é um risco de prejuízo. Cada processo bem feito é um acelerador.
Criar um setor de parcerias e canais
Não é tarefa rápida. Vai envolver tentativa, erro, adaptação, e exige paciência, cultura de colaboração e resiliência. O resultado, porém, é poderoso:
Empresas que compartilham crescem mais rápido que aquelas que isolam conquistas.
Pense grande, mas comece pequeno. Documente cada aprendizado. Ajuste processos conforme o setor evolui. Olhe para PRMs, mentoria, integração com vendas: tudo isso dá sustento ao setor, tira o improviso do caminho e traz aquele crescimento que todo mundo busca para 2025 (e além).
No fim, a melhor estrutura não é a que você copia de grandes cases, mas aquela construída, degrau por degrau, de acordo com o seu próprio mercado, a sua equipe, e os parceiros que você realmente quer ao seu lado.